sábado, 1 de janeiro de 2011

O refúgio

           As chamas recobrem o coração amargurado, esmagado pela dama que outrora tomava conta dele. Sem hesitar, ela segurava seu coração, e em um piscar de olhos, deixou ele cair por seus dedos. Em cacos ele ficou. Agora, a dama decidira que ele vagaria em um mundo estranho, um mundo onde não havia um coração para sentir. Tudo que sentira era o vazio em seu interior, já que nada permeava seu interior. Foi então, que sem o auxilio de nenhuma alma bondosa, que tivesse um pouco de pena daquele homem amargurado, com lacunas em sua alma, juntou os cacos que outrora era um coração. Ele segurou os cacos com suas mãos, e suas mãos tornaram-se o refúgio de que outrora era um coração. Ele não tinha onde colocar seu coração, pois dentro dele, um sentimento consumia ele, e não havia espaço para mais nada. O vazio. Isso agora morava em seu interior e as chamas de que outrora eram sentimentos, tornaram-se gelo, tão frio quanto o que podia suportar. Mas o incrível aconteceu. O improvável ocorrera. Ao olhar novamente para suas mãos, lá estava o que eram cacos com sua forma renovada, um coração pulsante e sedento por viver. Ele fecha seus olhos e segura com força. O gelo que recobre seu interior, agora ferve, como um vulcão em seu lapso eruptivo. O fervor volta aquele corpo judiado pelo vazio e o frio. Com os olhos abertos, ele olha suas mãos, e o que vê é uma pedra de gelo, e o que outrora fora um coração, se torna um motor sedento para pilotar novamente a vida, que agora bate como nunca em seu peito. Ele volta a ser um homem e vai á procura da dama que deixou seu coração cair. Ele encontra ela e devolve o que lhe é de direito. Uma pedra de gelo.

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