sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pelo Amor, Pela Paixão e seus Temores II

CAPÍTULO II
A FACE QUE PERSEGUE MEUS SONHOS


             Meu telefone, em repouso sob meu baú de madeira toca as 22:03. Quem me liga é uma pessoa de suma importancia em minha vida, uma pessoa que fez uma reviravolta em meu destino. Com  ímpeto e pompa, eu atendo a ligação, com o coração em pedaços. O que sinto por ela, outrora o sentimento mais puro, mais nobre, divino e contrutivo, agora em cacos permeia meu ser. Meu tom de voz, tentando omitir minha tristeza - As vezes me espanto como consigo esconder meu estado - faz minha garganta secar, como um vagante em um deserto sem uma gota de água para beber. Ela pergunta como estou e posso notar em sua voz um tom preocupação, de receio, incertezas e emoção...

             O que somos nós, meros vagantes nesse tortuoso e incerto caminho que percorremos todos os dias sem um pouco de amor e esperança. Se não tivessemos isso, encrustado em nosso interior, seríamos escravos de nós mesmos, pois a cada dia que surgiria, novamente nos perguntaríamos "o que faço aqui" "como sigo nesse caminho onde nem sei onde piso" coisas do tipo. O que rege o mundo, o que nos rege é o sentimento, a esperança de tudo ser melhor. Não basta eu levantar, como um vagante que se aventura nos dias, simplesmente para ver o amanhecer e anoitecer e depois dizer "venci mais um dia". Não. As batalhas são travadas, as guerras são vencidas, porque alguem teve a mente superiormente dotada de previlégios que aqueles que não tem esperança, amor, paixão, determinação, enfim, metas em suas vidas, jamais alcançariam. Os melhores são aqueles que tentam, e se caem, eles sabem que na reerguida, no momento de chacoalhar a poeira o aprendizado  e a força será redobrada. Esses são os verdadeiros guerreiros, aqueles que lutam e sabem que vão vencer na vida e se a vitoria está distante, o triunfo será mais brilhante.
           

                continua...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Exército De Um Homem Só

         Minhas costas doem, minha vida trancorre em forma de letras que unidas formam esse texto que aqui redijo. O semblante rígido daquele homem sentado em um banco, embaixo de um salgueiro, chega parecer uma estátua em sua eterna imobilidade. Feições de uma pessoa que está preocupado com incertezas e indecisões que permeiam seu ser.
          Ele percorre as linhas de um livro, do qual conta a saga de um guerreiro que desafiou tudo e a todos, sozinho pela causa mais nobre, mais pura e justa. Ele lutou contra tudo e a todos pelo direito de poder amar, de poder ter um sentimento, pois naquela história, as pessoas eram privadas de sensações, de desejos e sonhos. Apenas os seletos em uma sociedade monárquica tinham o direito de ter sentimentos. O livro é um volume razoavelmente grosso, e o homem da face tacitúrnica continua sua leitura sem pestanejar.
           Um senhor de idade avançada senta-se ao seu lado. Acomoda-se e coloca sua bengala sob o chão. Com um olhar singelo, ele pergunta para aquele homem ali sentado, do que se tratava a história. Com sua face imutável, ele vira o rosto e diz que a história trata-se de um guerreiro que desafiou tudo e a todos para poder amar alguém, para poder sentir um sentimento como os nobres de uma sociedade monárquica.

            continua...

A Diva De Meus Sonhos


           O vento assovia entre as frestas da janela mal fechada, resultando em uma brisa gélida  que adentra o ambiente da casa. Um tapete lindamente confeccionado na Pérsia recobre todo o piso da sala.Um sofá de couro repousa logo embaixo da janela e lá está a musa dessa descrição narrativa, uma linda mulher, de aparência jovial que está entretida percorrendo as páginas de um livro, do qual  não pode se identificar o autor, tampouco o título da obra. A brisa que adentra o ambiente, de nada interfere em sua leitura, realçando sua beleza de traços delicados e sedutores. Seus olhos, de um tom amendoado, transmite sabedoria, mistério e paixão. Seus lábios carnudos realçam sua boca de encantadora suavidade, como morangos recem colhidos. Seus cabelos longos, negros como a noite dão um ar misterioso a tal perfeição em formas humanas; o que pode se dizer sob seu intelecto é um mistério, pois palavras  que aqui narrar, por mais lindas e perfeitas que sejam, não condizem com a verdade, pois tal termos e expressões ainda não foram inventadas; não há termo objetivo para tal intelecto e inteligência, por hora, apenas divino.
           Suavemente, o livro é prostrado sob o chão. Ela levanta-se. Delicadamente calça suas sandálias. Em seguida apanha seu livro e sai do recinto. Um leve perfume fica no ambiente que logo é espalhado pela brisa que lá adentra. Logo ela volta e fecha a janela. Mais uma vez posso sentir seu perfume.

Formas Inenarráveis


Diante do perplexo, da obra máxima da vida, lá estava prostrado tal semblante. Termos para descrever  tamanha  beleza, formas e distinções sublimes, não existem em nenhum vocabulário ou idioma;  lá eu vi a verdadeira representação da vida;  perfeição em forma humana, o Alfa e o Ômega; a essência da criação...Não ouso descrever em detalhes tal forma, pois não há como descrever; não existe referencia para descrições, pois tudo que o homem conhece  de belo e perfeito, não tem mera serventia para tal forma que até os deuses invejam; tal qual névoas e brumas que recobrem uma colina em um inverno, minha visão se turva, pois fui impactado, nocauteado com o mero olhar de tal perfeição, peço que desculpem-me pois não sei como descrever, apenas ouso dizer que aquilo pode ser a forma do singular, a representação das sensações e anseios mais lindos e perfeitos que o homem conhece, digo que aquilo é a forma do sentimento mais nobre, aquele que salva, regenera, fortalece, que difere a carícia do fogo de uma alma apaixonada, sim, agora estou certo, aquilo é a personificação do amor em um semblante feminino.
Com um esforço sobre-humano desvio meu olhar, pois até a suprema forma de vida, aquela que até os Deuses tomam como referencial  pode destruir  aos homens, pois não estamos prontos para tamanha responsabilidade  - ver o perfeito em nossas formas imperfeitas ...

Continua...

Pelo Amor, Pela Paixão e seus Temores

CAPÍTULO I
QUANDO A SOLIDÃO DÁ SEU 1° PASSO
O vento sopra forte na janela, com tamanha força que faz meus pensamentos avassalarem pelo som pomposo que tal vento faz. Perdido em meus temores e incertezas, deixo-os de lado e recobro a sanidade de meus pensamentos e levanto de minha cama, da qual ao mero movimento de um braço, o som que é emitido por ela, me faz questionar o porquê dessa cama estar aqui ainda. Mas de fato, a cama é mais um de muitos adornos de meu quarto, sim, ela serve de enfeite nesse refúgio de meus dias sombrios, que tendem a perdurar até que encontre um motivo para viver e recobrar a normalidade de minha vida. Eis a questão: Onde encontro um motivo para viver? Onde consigo ser normal, em um mundo anormal e repleto de estranhos? Tamanha procura desempenhada por mim, tornou-me uma pessoa digna de uma jornada épica, como outrora reis e heróis da antiguidade faziam para conquistar um reino ou lutar em uma guerra em que a derrota é aparente. Mas o motivo de tais pessoas serem chamadas de heróis e outros de reis, não é pelo simples fato de carregar uma coroa, ou de ter feito atos dignos de serem contados em fogueiras, ou muito menos para serem cantados por bardos em tavernas para distrair seus clientes. A coragem, o empenho, a dedicação, a compreensão, o amor por aqueles que estavam ao lado de reis e heróis nas horas difíceis que tornaram tais pessoas dignas de terem tal status, de possuírem tal grau de respeito. Essa história será contada em outro momento, mais propício para proezas de pessoas especiais.
Quantas armadilhas caímos, em que a própria vida nos coloca, para aprendermos mais e mais e termos noção do que é tudo que nos cerca, em muito é desigual, equiparado, desiquilibrado e abrangente. Em muito ele é algo simétrico, tudo se encaixa perfeitamente, como se fosse obra de um poder além de nossa compreensão, e as vezes tão errôneo e desiquilibrado que chegamos a achar que o mundo conspira para nossa desgraça e cairmos em seu deleite de manipulações. Um dos motivos de continuar vivendo é pelo fato de não saber o amanha. Mas em muitos casos, o amanha é algo que sempre se repete e segue em seu trajeto viciante de monotonia, como se fossemos condenados há reviver um dia igual ao anterior todos os dias. É algo que temos recursos para lutar, tornar o dia de amanha diferente do anterior, mas o mero piscar de olhos fora de seu ciclo constante , pode fazer-nos escravos de nosso passado, ou seja, de nosso dia anterior.
Há um reino vazio e sedento para ser preenchido dentro de cada um de nós, um reino que necessita existir, para que não caiamos no absorto e infindável ciclo que em muito é repetitivo em nossas vidas. Esse espaço, esse “vazio interior” é algo que pode ser usado para nos guiar na vida ou nos afundar no caos. É algo muito relativo, sabermos como determinar se tal espaço será usado como nosso guia ou o nossa algoz. É nesse estágio, em que nos encontramos que as maiores dores são sentidas, e nesse momento crucial de nossas vidas que determinamos se podemos guiar a nossa vida ou seremos temerosos ao mundo, com medo de encará-lo de frente. Se as dores que nos cercam são feitas de incertezas, nossa vida será uma eterna busca por algo que não se sabe o que é, mas sabemos que será para preencher o tal vazio que permeia dentro de nós.
A tristeza, a andante constante em nossas vidas, o sentimento que nos espreita á todo o momento, tornando-nos escravos de sua frivolidade e desejos insaciáveis. Sugando o âmago, a cerne daqueles que se entregam aos seus desígnios, princípios primitivos, que tem o intuito de nos deixar escravos de nossos medos e de nossa sombra. Andar com um fardo extra em seu peito, uma bagagem extra no nosso currículo de vida, pode até nos engrandecer, tornando-nos vitoriosos em casos em que somos sós, e ela não tem espaço para adentrar em nenhum espaço de nossa alma e coração. É uma batalha intensa de quem decide enfrentar ela de frente, apenas com a audácia e coragem. É um fato notório de se acrescentar em vitórias de superações de vida, de tornar-nos independentes, e sedentos de algo forte e intenso na vida. Os guerreiros são aqueles que lutam sem ter medo de sofrer e errar; os fracassados se debruçam na dificuldade e choram sem nem mesmo lutar. Uma batalha perdida, não é uma guerra decidida, mas sim um prenúncio de uma estratégia para uma contraofensiva para equiparar ambos os lados, já a batalha que nem mesmo é travada, é o recuo da vida em um momento crítico, em que decisões devem ser tomadas, em que erros devem ser corridos. Em que sonhos e ambições de vida reerguidos.
A solidão, condenada e levada até os seus últimos patamares, erguendo uma monumental estrutura que gira em seu contorno incerto e ilusório, é algo designado por nosso interior, que não quer lutar contra ela, mas sim enganar a si mesmo com distrações próximas para tentarmos enganar tal sentimento de tamanha força que está em nosso permeio constante social. Enganando ela, é o principio de nosso ciclo de “distrações e enganações”. Se existe algo que pode lutar contra tal sentimento avassalador é a sinceridade de encará-lo de frente, com coragem, força, determinação, garra e acima de tudo, com a confiança de uma pessoa que honra seu coração. Honre a sua vida. Não desperdice e deixe seus sonhos para depois, pois quando menos esperar, a andante constante, vai ao seu encontro.